Eu servi no CEP
Ecoam porventura ainda no nosso espírito memórias avulsas da Primeira Grande Guerra, do Corpo Expedicionário Português e da batalha de La Lys, transmitidas de geração em geração a partir dos nossos bisavós, refrescadas pelos eventos comemorativos do respectivo centenário, profusamente celebradas na literatura e no grande écran.
É com emoção que revemos o drama desses milhares de jovens portugueses sem preparação militar adequada, lançados além-fronteiras para combater um inimigo que apenas conheciam da propaganda, enterrados nas lamacentas trincheiras da Flandres em condições cada vez mais adversas e precárias. Por relatos da época, sabemos hoje que, apesar de certa discriminação de que foram alvo por parte dos próprios aliados, esses mesmos jovens inexperientes do CEP honraram a bandeira com denodo, merecendo o respeito das tropas alemãs que esmagaram a resistência lusitana em La Lys.
A Primeira Guerra foi também o último grande conflito que contou com uma ampla participação de “amigos do homem” – cavalos, mulas, cães e pombos-correio –, cuja história é muitas vezes votada ao esquecimento.
“Eu Servi no CEP” é uma história/fábula contada a três vozes alternadas – do mulo Bonifácio, do vira-latas Farrusco e da narradora – que, embarcando o leitor num vetusto comboio a vapor de regresso ao Minho, vai desenrolando uma intrincada meada de recordações, emoções, dúvidas e receios, naquilo que hoje é reconhecido como “síndrome de ‘stress’ pós-traumático”.