Bossas sob um céu zangado
Durante a primeira metade do século XX, Timóteo Chamusca, português que cedo emigrou para o agreste sertão brasileiro, aí construiu, ao longo de vários anos, uma vistosa fazenda que despertou a cobiça do influente coronel Tarciso Fogacho, homem com as costas bem guardadas por jagunços, inclusive, pelo lendário jagunço Abelardo Bang-Bang que, fazendo fé na lenda, até moscas matava a tiro de pistola. A persistente recusa de o português aceitar as ofertas de compra vindas do poderoso coronel, gerou graves desentendimentos que originaram um violento tiroteio envolvendo bastantes jagunços, e, o português, vencido na contenda, viu-se obrigado sob ameaça de morte a vender a sua fazenda ao coronel Tarcíso Fogacho, homem guloso por terras. Receando pela vida, Timóteo Chamusca regressou a Portugal, onde construiu uma casa num lugar paradisíaco a que deu o nome de Bossas, por se situar num vale ladeado por duas montanhas gémeas que se assemelhavam às bossas de um camelo. O lugar foi-se engordando de casas, dando origem à aldeia de Bossas. A-Arca-Das-Consolações era a única taberna plantada na aldeia e tornou-se naturalmente o centro da vida social temperada com personagens incomuns como: o Procurador-De-Cores e o Homem-Sorriso. Foi neste lugarejo que cresceu o miúdo Belarmino Pouco, abandonado pela mãe, mulher fervilhante de mais para um lugar tão quieto. Este abandono baralhou a vida do pai que, de desgosto, deixouse afogar numa maré de bagaços. Como terá Belarmino Pouco suportado esta dupla perda? Terá voltado a conviver com a sua sumida mãe? Quem sabe? O que se sabe é que o austero Timóteo Chamusca, fundador do lugarejo, deixou, pouco antes de o seu cansado coração ter desistido de batucar, uma carta dirigida a todos os bossenses com regras precisas a serem cumpridas, e que, se quebradas, fá-lo-iam regressar do alémmundo para os punir, servindo-se das brutais forças da natureza. Depois… ugar