E se for um bicho mau?

Era uma vez uma sala com uma janela de onde se via o baloiço de um jardim.

Antes mesmo de começarem a salivar, toca de ir à cozinha, lavar muito bem a fruta que estiver à mão, pegar num guardanapo e, agora sim, podem voltar ao vosso plano inicial de devorar este livro do princípio ao fim. Entre uma trinca na fruta e outra nas letras e nas ilustrações, lá se vão as dezasseis.

Opostos que se opõem, opostos que se complementam, à mistura com contradições ou simples diferenças que constroem todos, possibilitam sínteses, sustentam equilíbrios. Alguns são naturais, outros nascidos na perceção, no pensamento, na linguagem. E assim o mundo gira e assim a vida avança... Para falar sobre isto, podia convocar a física, a biologia, a filosofia, a antropologia, a psicologia, as religiões do ocidente e do oriente… Podia ler e escrever compêndios. Mas preferi simplesmente convocar a poesia. E fazer somente um pequeno livro de bolso.

Neste livro há um narigudo, um orelhudo, um dentuças, um careca, um baixinho, um sardento, e por aí fora… Cada poema, sua personagem, sua característica. São dezasseis poemas cheios de rima e de boa disposição, que caricaturam e brincam com características físicas.

«Bichos sem conta» é um livro de poemas para a infância que, além da dimensão literária, tem um significado ético-ambiental à espera de ser descoberto e explorado.